quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2015

Um 2015 suave e cheio de saúde e paz a todos.
À mim espero um 2015 de verdade, o que tem sido minha maior busca.
Sei que vou encontrá-la entre as notas da guitarra e as pessoas que amam sinceramente.
Que o resto fique nas lembranças do passado.
Saudades para as boas, esquecimento para as más.
E que se faça um novo presente pois felicidade é um estado mutante.
Bj e abs a todos do bem.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Faixa a Faixa nº 6 - Reflexo Inverso

Faixa a faixa são posts onde falo um pouco das músicas que fiz na estrada. As mais queridas, as mais difíceis, as mais inspiradas...enfim as minhas mais mais, para quem quer saber um pouco mais e passa por aqui. Vou escrevendo conforme bater vontade...
Ao lado direito do site, nos "Marcadores" Faixa a Faixa, aparecem todos os postados. Só clicar e ver.
*Raramente falo aqui dos arranjos porque música é a expressão mais pura dos nossos sentimentos.
A música, pelo menos como as componho, não carecem do lado racional como a palavra necessita. Música é para se ouvir e sentir, não quero falar sobre isso. Sobre acordes ou teoria.
Já as letras possuem seu lado racional, condutor à emoção e são o tema principal dessas linhas que escrevo a quem possa interessar.
bjs e abs

Reflexo Inverso (Zupo/Hid)
Lançada originalmente no álbum Pedra (2006)

Reflexo Inverso é uma música minha e do parceiro Rodrigo Hid, que preenchi com a letra e idéias abaixo.

"Se você fosse compreendido, como você diz, completamente, então não haveria nenhum outro sentido para a compreensão, daí a necessidade do pecado. "Perceba, que se o mundo todo fosse verde não haveria a cor verde. Da mesma forma, os homens não podem saber o que é estar juntos sem ao mesmo tempo saber o que é a separação. Se todo o mundo fosse amor, então como poderia existir o amor?"
*Trecho de carta de Allen Ginsberg para Jack Kerouac

Uma vez após um show do Pedra no Centro Cultural São Paulo fui abordado no bar da frente (onde se bebe e encontra os amigos após os shows na sala) e perguntado de onde havia surgido a inspiração para o Reflexo Inverso. Isso foi na época do lançamento do disco em 2006. Hoje, dezembro de 2014 colo aqui esse trecho retirado do livro As Cartas (correspondencias trocadas por Jack Kerouac e Allen Ginsberg) e o tomo como uma referência tardia (para a faixa) mas bastante justa aos contrastes, a essência do que me inspirou a escrever Reflexo Inverso, os contrastes.
A busca do outro lado, do avesso de nós, Ying e Yang, nosso estado insano, o beliscão não para acordar mas a dôr, o último ou o primeiro estágio do desespero.
Aquele exato momento em que nos olhamos no espelho em busca de nós, de olhar nos próprios olhos, de buscar socorro. Não é o momento de cura. É de dôr.
"No reflexo inverso o que é triste e frio não sai. Um disfarce uma imagem, igual mas sempre em algum outro lugar. Por esse espelho eu me vejo e não reconheço o que não gosto de olhar. As vezes me perco sem saber pra onde olhar. As vezes me perco sem sair do lugar.
Pra sempre vai, sempre vai ser você."
Soa como uma maldição. Nada mais aterrorizante do que um ser  estático, imutável durante uma vida inteira. Não há pesadelo maior que a inércia. Poucas coisas me irritam mais que a presunção do "saber". É a busca. É a busca, porra!
Quem nunca quis atravessar o espelho ?

Reflexo Inverso - ( Zupo / Hid )
Não vai parar de olhar pra esse espelho ?
Esperando o que o reflexo inverso pode proporcionar.
Fantasiando um efeito.
Dissimulando o que acontece desse lado de cá.
Choros, beijos, segredos do quarto ao acaso,
ao inverso, igual mas sempre em algum outro lugar.
Em algum outro lugar.
Não quer parar, relembrar o que é feito.
No relexo inverso o que é triste e frio, não sai.
Veste a capa de herói ou vilão, que é um disfarce, uma imagem,
igual mas sempre em algum outro lugar.
Em algum outro lugar.
Pelo que quer que esses olhos procurem.
E ainda que o sim vire não.
Mesmo que esqueça o refrão, da sua canção.
Pra sempre vai, sempre vai ser você.
Mas sempre vai, sempre vai ser você.
Pelo que quer que esses olhos procurem.
E ainda que o sim vire não.
Mesmo que esqueça o refrão, da sua canção.
Por esse espelho eu me vejo e não reconheço o que não
gosto de olhar.
Quebra o espelho ! Traz pra fora o que falta e te faz ir buscar.
Voyeur de mim mesmo. Um lance tão surreal, distorção ao extremo.
Quebra o espelho ! Traz pra fora o que falta e te faz ir.
E, vai !
Às vezes me perco sem saber pra onde olhar.
Às vezes me perco sem sair do lugar.


Pedra:
Xando Zupo - Guitarra/Vocal
Rodrigo Hid - Guitarra/Vocal
Luiz Domingues - Baixo
Ivan Scartezini - Bateria

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Faixa a Faixa nº5 - Livre como você

Faixa a faixa são posts onde falo um pouco das músicas que fiz na estrada. As mais queridas, as mais difíceis, as mais inspiradas...enfim as minhas mais mais, para quem quer saber um pouco mais e passa por aqui. Vou escrevendo conforme bater vontade...
Ao lado direito do site, nos "Marcadores" Faixa a Faixa, aparecem todos os postados. Só clicar e ver.

Livre como você (Zupo)
Lançada originalmente no álbum Xando Zupo Z Sides (2003)


Livre como você é a faixa de abertura do álbum I Got My Own World to Live que lancei na internet em 2003. Aqui um pouco da história do álbum http://www.xandozupo.com.br/2010/11/velhas-cancoes-pte-2.html
Nessa faixa tive a companhia dos amigos da Patrulha do Espaço, Rolando Castello Jr, Luiz Domingues, Marcello Schevano e Rodrigo Hid que gentilmente me acompanharam nessa gravação.
O que começou em 2001 quando compus a música, finalizou-se em 2003 sendo um desabafo, reflexão, homenagem, lamento, enfim.... à passagem da minha mãe para outras paragens fora do planetinha azul, quando escrevi a letra.
Escrever letras é um eterno estado de atenção. É prestar atenção a todo movimento, à tristeza ou alegria dos amigos, aos olhos do meu cachorro, a vida, a morte, aos humores, ao trânsito, aos cartões postais.... E foi em um cartão de fim de ano da Mauro Salles propaganda que trouxe o título e a parte final da letra dessa música. Um cartão de fim de ano gigantesco em forma de pôster onde cada um dos funcionários da empresa fez um desenho e uma mensagem de natal e réveillon. Lá estava o desenho que minha mãe fez de uma pomba branca que rasgava as amarras da cruz e abandonava a crucificação, com a mensagem: "A paz de um Deus liberto, livre como você ! Feliz 1981 (Francis Vargas). Não sei se ainda encontro esse cartão por aqui, acredito que sim e se o achar posto aqui no futuro. Os posts são sempre realimentados por aqui.
Enfim.... esse cartão e a dor da perda totalmente repentina, de um dia para o outro, não só da mãe mas da amiga de balada, de shows e quem a conheceu sabe que ela não era uma mãe na acepção corriqueira da palavra, fizeram a letra nascer.

"E se amanhã o teu sol não raiar ? E se disserem não ? Isso acontece irmão.
Se a balada de repente acabou sem o sonho que você planejou e se a essência do que era ideal já não toca mais o seu coração.
E se pudesse gritar pra que o mundo te ouvisse ?
E se souber a palavra que é mágica e que põe fim ?
Keep cool, man ! Teu som deve estar legal.
Keep cool, man ! Minha patrulha é espacial.
Cê tá na estrada e som e sol é sempre a minha cara
E se pudesse gritar pra que o mundo te ouvisse ?
E se souber a palavra que é mágica e que põe fim ?
E se pudesse gritar ?
Não deixa a estrada te perder meu amigo. Não deixa a alma envelhecer.
A vida é sonho e eu tô sempre contigo.
A paz de um Deus liberto, livre como você !
E som, e Sol, e som, e sol, e som, e sol....

Encerrando a música, e lembro que a interpretação do Rodrigo Hid parecia já ter arrancado todas as lágrimas possíveis minhas no estúdio, recortei a frase dita por ela /"Do fundão do coração pra você, hein bicho ?! E vai fundo com a vida, tá ?!"/ em uma fita k7 onde ela havia gravado várias crônicas e poemas 22 anos antes de partir.
A mixagem mais difícil da minha vida mas acredito que o final de música mais esperançoso que escrevi na vida e esperança é tudo o que temos, não ?

Um agradecimento especial ao Rodrigo Hid (Oliva) por emprestar a voz magnificamente para uma faixa que eu jamais conseguiria cantar.